
Recentemente, publiquei aqui a notícia de que a Justiça de Minas Gerais havia concedido liminar, considerando abusiva a publicidade dos grandes bancos brasileiros.
Prometia-se flexibilização de 60 dias para pagamento de dívidas de empresas, mas a realidade está sendo bem outra.
De fato, os bancos concederam prorrogações, mas apenas para quem estava com os pagamentos em dia.
Ou seja, apenas para quem estava enfrentando menos dificuldades.
O comportamento dos bancos e os juros
Pessoalmente, li a nota da Febraban, onde se prometeu cuidado especial com as micros e pequenas empresas, garantindo proteção ao emprego e a renda das pessoas.
Uma reportagem da Folha de São Paulo, entretanto, mostrou que os bancos não foram tão sensibilizados pela crise do Covid-19.
Vários empresários relataram que os grandes bancos elevaram significativamente os juros em todas as operações.
Empréstimos de longo prazo, antecipação de recebíveis e empréstimos para capital de giro, mesmo aqueles que já estavam sendo negociados, tiveram seus juros aumentados de uma semana para outra.
Mesmo com a liberação de mais de R$ 200 bilhões dos depósitos compulsórios, pelo Banco Central, esses recursos não estão sendo oferecidos para dar o prometido alívio às empresas que mais precisam.
Empresas que construíram, durante anos, bom relacionamento com os bancos, para conseguirem condições privilegiadas de negociação e taxas mais atrativas, vêm os bancos puxarem o tapete.
Isso, no momento mais difícil da história recente da economia brasileira.
O mínimo que poderia se esperar era que os bancos, neste momento de dificuldade, abrissem mão de pelo menos parte da sua lucratividade, para receber de forma equilibrada seus créditos.
Isso ao menos atenuaria os impactos da crise com seus parceiros.
Sim, porque seus clientes – pessoas físicas e jurídicas – nada mais são do que parceiros.
Contudo, infelizmente, os bancos estão sendo apenas o que sempre foram: agentes financeiros racionais, com total aversão ao risco, que buscam maximizar seus resultados.
Mesmo que para isso, tenham que causar a derrocada de milhares de negócios.
Os bancos sabem que, com a crise, as empresas terão muita dificuldade de honrar seus compromissos.
Infelizmente, o risco de crescimento da inadimplência fechou a torneira do crédito e abriu a torneira dos juros.
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