
Incerteza, queda no faturamento, clientes cancelando contratos, inadimplência: como as empresas estão lidando com esses problemas durante a crise da pandemia do coronavírus?
Uma pesquisa realizada pela Mazars Auditoria e Consultoria, entre abril e maio deste ano, levantou importantes dados sobre o comportamento das empresas brasileiras durante esse primeiro momento da crise.
A pesquisa constatou que até mesmo as grandes empresas com faturamento acima de 300 milhões de reais não escaparam dos efeitos severos da crise.
Um dado interessante é que as empresas do ambiente digital acumularam crescimentos expressivos na quarentena, atingindo um número cada vez maior de pessoas e empresas.
Alguns outros setores também registraram crescimento, ainda que baixo, como o agronegócio, a tecnologia e os serviços profissionais, principalmente aqueles ligados à tecnologia para se relacionar com clientes.
No total de empresas que participaram da pesquisa, 93,33% recorreram a medidas do governo, crédito bancário ou outros tipos de aporte financeiro.
Com relação aos créditos bancários, os dados preocupam pela dificuldade de acesso:
- 31,64% das empresas recorreram às linhas de crédito;
- 14,28% dos participantes relataram que não conseguiram o crédito desejado;
- 17,72% lograram êxito com o uso desse auxílio.
As exigências feitas pelas instituições financeiras e os juros altos foram alguns dos entraves alegados.
Outro número expressivo é que 89,87% das companhias consultadas pela Mazars tiveram que mudar suas relações de trabalho ou alterar os planos de investimento em decorrência da Covid-19.
Fiz um compilado de outros dados importantes levantados pela pesquisa:
- 82,27% – postergação dos trabalhos, esperando o fim da pandemia;
- 46% – queda superior a 25% do faturamento;
- 72,15% – cancelamentos de clientes;
- 69,62% – inadimplência e faturas não pagas;
- 56,96% – problemas de operação em função do não fornecimento de matéria-prima;
- 54,43% – falta de caixa para honrar os compromissos;
- 54,43% – problemas de operação em função da impossibilidade do home-office.
A pesquisa é importante porque traz fortes indicadores de que as relações comerciais têm sido pautadas pela incerteza, com cancelamento de clientes, aumento da inadimplência e postergação dos trabalhos, com muitas empresas esperando a fase mais crítica da pandemia para voltar a executar suas ações.