
Vai chegando o final do ano e os bancos começam a se preparar para seus mutirões de renegociação de dívidas bancárias.
Geralmente, os cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander) fazem seus mutirões voltados para renegociação de dívidas de pessoas físicas e jurídicas.
Empresas de qualquer porte também podem renegociar seus débitos com os bancos e aproveitar as vantagens dos mutirões.
No geral, as renegociações são feitas independente da faixa de atraso, do valor da dívida ou da renda do endividado.
Além de renegociação de dívidas, também é dada orientação financeira, num aspecto mais educacional dos mutirões.
Enfim, são promovidas ações coordenadas de educação financeira e renegociação de dívidas no país para estabelecer hábitos financeiros saudáveis, com o uso consciente do crédito.
E porque os bancos fazem estes mutirões?
Os bancos possuem metas anuais de recuperação de créditos que precisam ser cumpridas.
O mutirão ajuda a bater essas metas.
Segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a maior parte das dívidas (53%) em aberto no país está ligada a instituições financeiras, o que faz desse mutirão algo muito importante.
O BC e a Febraban também informam que não há meta de pessoas a serem atendidas, nem o perfil desses endividados.
“Nós não mensuramos quantos consumidores vão ser atendidos porque esse número depende do interesse do próprio consumidor de buscar os seus bancos e renegociar suas dívidas”.
Contudo, em virtude da crise provocada pelo Coronavírus, tende a aumentar significativamente a busca por renegociações.
Principais vantagens de participar dos mutirões de renegociação

A principal vantagem de participar dos mutirões de renegociação é que os clientes podem quitar dívidas que estejam em atraso há mais de um ano, com até 90% de desconto para pagamento à vista.
Geralmente são dados descontos nos juros e taxas reduzidas.
Também é comum a facilitação das condições de pagamento, com a concessão de um prazo de carência para começar a pagar.
Ou então, um aumento do prazo para a quitação da dívida, com parcelamentos mais longos.
Outro benefício dos mutirões é a troca de dívidas mais caras por créditos mais baratos.
A utilização do saldo do FGTS
Para o cliente que tem saldo na conta do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), há a opção de utilizar o recurso para reduzir a prestação em até 80% por um tempo maior.
No ano passado, por exemplo, o Banco do Brasil deu descontos de até 92% do valor da dívida e ofereceu prazos de até 120 meses, além de até 180 dias de carência.
A Caixa deu descontos de até 90% do valor da dívida para pagamentos à vista, e concedeu a possibilidade de unificação de contratos em atraso a serem pagos em até 96 meses.
Quais os tipos de contratos que podem ser renegociados nos mutirões?
Praticamente todos os tipos de contratos podem ser renegociados nos mutirões:
- financiamentos de todos os tipos (veículos e imóveis);
- contratos habitacionais;
- crédito pessoal;
- empréstimos consignados em folha;
- capital de giro
- antecipações de recebíveis;
- cartão de crédito e cheque especial.
Há um desconto padrão a ser dado na renegociação?

Não há uma regra específica sobre o valor do desconto ou as facilidades no pagamento.
Os descontos e condições de pagamento renegociados variam de acordo com as características do contrato e o tipo de operação.
E cada banco vai ter sua política de negociação.
Alguns vão ofertar parcelamento, extensão do parcelamento, outros uma nova linha de crédito com juros menores e outros descontos.
Dicas para fazer um bom acordo nos mutirões de renegociação
Para conseguir um bom acordo nos mutirões de renegociação, trago algumas dicas importantes que você deve levar em consideração.
Faça um acordo que caiba no seu orçamento

Não adianta forçar um acordo que você não vai conseguir cumprir.
Isso só vai dificultar suas possibilidades de negociação num futuro próximo.
Antes de aceitar ou fazer uma proposta, você precisa ter mais consciência das suas finanças, sejam pessoais ou empresariais.
Organização financeira é fundamental neste momento.
Se for o caso, faça uso de um aplicativo de gestão financeira pessoal, para organizar as suas contas.
Sacrifícios também podem ser necessários.
Considere fazer um corte temporário de gastos.
Para se livrar das dívidas, talvez valha a pena vender um bem como um carro, por exemplo.
Também é bem vinda a realização de alguma atividade que gere uma renda extra no seu tempo livre.
Uma atividade que gere uma renda extra suficiente para pagar as parcelas da sua dívida renegociada já é um bom começo.
Prepare-se para a negociação

Se você visitar nosso blog, vai ver que existem várias dicas de negociação com bancos.
Existem algumas armadilhas que você precisa evitar, bem como alguns caminhos que vão facilitar sua vida com o banco.
Faça uma lista de questões para esclarecer e não sair da negociação com dúvidas.
Por exemplo:
- qual será o desconto sobre o total da dívida?
- se eu parcelar, quais serão os juros?
- qual o prazo máximo para parcelar?
- e se eu pagar à vista, consigo um desconto maior?
- se eu puder antecipar o pagamento de algumas parcelas, tenho desconto?
Organize todos os documentos

É importante organizar e levar todos os documentos relativos à dívida para a renegociação.
Organize os contratos, a troca de e-mails (que pode ser, inclusive, impressa), cartas de cobrança e comprovantes de pagamentos, caso haja questionamentos sobre o valor que está sendo cobrado.
Faça contrapropostas

Você não precisa necessariamente aceitar a primeira proposta do banco.
Pode ser que, mesmo num mutirão, a proposta do banco não seja tão vantajosa ou não resolva o seu problema de maneira satisfatória.
Se ela não for viável ou não fizer sentido, é preciso argumentar e fazer contrapropostas.
Não tenha medo, o banco não vai se negar a negociar porque você está fazendo contrapropostas.
Aqui vale aquela máxima: “o não você já tem”, não custa tentar.
Deixe as emoções de lado

Dívidas bancárias têm uma carga emocional muito forte para o devedor.
Já para o banco, uma dívida é um crédito que precisa ser recuperado de forma objetiva e prática.
O banco não lida com seus clientes de forma emocional.
Por isso, é preciso ter frieza no momento da negociação e pensar racionalmente.
Não ajuda muito ver o banco como um inimigo, mas como uma empresa que quer resolver o problema da dívida da forma mais rápida, econômica e descomplicada possível.
Após pagar, confira a lista de inadimplentes

Por fim, após fechar o acordo de renegociação e quitar a primeira parcela da dívida, o banco terá até cinco dias para retirar seu nome das listas de inadimplentes.
É importante entrar no site de empresas como Serasa e SPC Brasil e fazer uma consulta pelo CPF para conferir se de fato não há mais inscrição no cadastro de inadimplentes.
Caso não tenha sido retirado, entre em contato com a Instituição.