Por que é tão difícil negociar com bancos no Brasil?
O Ministro Paulo Guedes falou recentemente, em um pronunciamento, que seríamos 200 milhões de brasileiros nas mãos de 6 bancos.
O economista César Esperandio, do Econoweek, corrigiu o ministro, mostrando que, na verdade, são apenas 5 bancos.
O Valor Econômico, que elabora a lista dos maiores bancos do Brasil, mostra que os cinco primeiros colocados dominam 80% do mercado nacional:
- Itaú (20%);
- Banco do Brasil (18%);
- Bradesco (16%);
- Caixa Econômica Federal (16%);
- Santander (10%).
Depois dos 5 grandes, ainda temos o Banco Safra, com apenas 2%.
O restante, que seriam os bancos “nanicos”, tem participação inexpressiva no montante.
E aqui eu retomo a nossa pergunta: por que é tão difícil negociar com bancos?
É interessante notar que, para renegociar um débito da sua empresa com o escritório de contabilidade ou de advocacia, uma boa conversa é mais do que o suficiente.
E tudo fica acertado quando há boa fé de ambas as partes.
Contudo, para negociar com os bancos, empresas são obrigadas a contratar serviços especializados de negociação, para análise de contratos, emissão de pareceres, negociação in loco e elaboração de estratégias processuais e negociais.
Apesar da negociação profissional com bancos ser bastante eficaz, em muitos casos a empresa já está bastante comprometida, e só consegue resolver (ou remediar) seus problemas bancários, com o socorro do Poder Judiciário.
E porque é fácil negociar com o contador e o advogado, mas não com o banco, que também presta um serviço e tem sua carteira de produtos?
Resposta: pouca concorrência
Apesar da explosão de fintechs e bancos digitais, nos últimos 3 anos, os números mostram que o oligopólio formado pelos 5 gigantes do mercado financeiro não dá espaço para mais ninguém.
E quando algumas empresas controlam o mercado, acabam sofrendo pouca (ou nenhuma) pressão para melhorar seus produtos ou diminuir seus preços.
É o que chamamos de “abuso da posição dominante”.
Por isso, a dificuldade de negociar com bancos: porque não há muito para onde fugir.
Se partirmos da perspectiva das empresas que precisam de grandes financiamentos para sustentar o fluxo de caixa em momentos de crise, refluxo de consumo ou uma sazonalidade qualquer, ou para investir em crescimento, não há alternativa.
Dificilmente, os bancos digitais concederão uma linha de crédito para este tipo de operação.
Daí, ficamos reféns dos gigantes.
Por isso, defendemos a constante revisão da legislação regulatória dos bancos no Brasil, no sentido de ampliar a concorrência.
Concorrência é a única maneira de sanar estas distorções de mercado, que dão o contorno de um grande oligopólio ao sistema financeiro.
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